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Alegoria da Divina Providência (1633), afresco no teto do Palácio Barberini, em Roma, na Itália - Pietro Cortona

marco zero

arte e reflexão 

Arte para refletir. 

Refletir sobre arte. 

Dois movimentos, que podem ser distintos, mas que  também encontram-se e geram interpretações e experiências. Olhares diferentes, apoiados pelas novas tecnologias. Apropriando-se dos recursos do nosso tempo para estabelecer diálogos e experimentações multimídias, que alimentam este “bicho faminto” que nos faz inquieto, que não nos permite navegar por  sono plácido. 

 

A TECNOGRAPHY é uma publicação digital, criada entre a arte e  a reflexão. Propõe através de alguns toques em uma tela, descobrir a relação íntima que pode existir entre vídeo, som, pensamento escrito e imagem.

 

Neste número inaugural, a ALEGORIA é tema recorrente. Nas várias leituras, tentamos investigar como ela está representada em diferentes expressões. Sob o olhar de Walter Benjamin, o grande nome por trás dos estudos sobre o “alegórico”, traçamos um paralelo com a filosofia, com o Carnaval, com a fotografia ou através dos arquétipos, idealizados a partir da “pequenez”  do homem e daquilo que um dia passou a ser chamado de arte; que se altera, transforma e instiga a cada dia, a cada tempo.

 

O desafio está lançado. Não podemos mais voltar atrás. Mesmo se quiséssemos. Criar uma revista para tablets é uma tarefa que nos joga em um universo cheio de possibilidades e convidamos você, para descobrir conosco esta nova experiência em ler, assistir, clicar, interpretar e se sentir provocado visualmente. 

Lançamos aqui a pedra fundamental! 

Esperamos que gostem!

 

Alexandre Rese            -           Iriê Salomão Jr.

 

openning the issue: 

A Alegoria da Divina Providência, é um dos maiores exemplos da grandiosidade e riqueza de detalhes já produzido por um artista. Esta obra de arte é um afresco, pintado pelo italiano Pietro da Cortona e preenche o teto do Palácio Barberini, em Roma, na Itália. Os trabalhos demoraram três anos para serem concluídos. Na cena, é possível vislumbrar o céu que se abre e cheio de luz da providência, expulsa o frio e as sombras. Em destaque vê-se a Eminente Providência Divina Solar regendo musas, abelhas gigantes e seres celestiais sob decorações de tiaras de flores e chaves papais.

 

 

a tragédia, a dor e as delícias

por ALEXANDRE RESE

É possível pronunciar em alto e bom tom, que a vida sem metáforas ou recursos abstratos da criatividade, é inútil, dura, seca, ocre, infértil e tristemente sem atração. Traduz-se em apática, toda e qualquer forma de ver e sentir o mundo. E como representaríamos nossas experiências com o nosso olhar sem a liberdade figurativa? Se a representação está associada diretamente às nossas experiências mais íntimas e guardadas no subconsciente, o céu é o limite.  

 

A busca por mundos etílicos, convencionais aos sonhos, nos quais o poder do “belo” ganha contornos pessoais, surge como um bálsamo que refresca a sede da expressão de ideais e inaugura fórmulas que se aplicam nas artes visuais, na literatura, nas festas populares e nos cultos religiosos, fica quase impossível dissociar o uso da alegoria dos nossos recursos intelectuais.

 

O conceito de alegoria, foge do inconsciente coletivo e extrapola os dias de Carnaval. Por sua vez, ela não foge deste universo para se

Vênus e Cupido (1532-1534), óleo sobre madeira - Pontormo (Jacopo Carruci)

aprisionar na ânsia acadêmica e sedesvincular do popular, para ser somente erudito.

 

É o contrário, a alegoria transborda esse espaço restrito e capaz de ser analisado por teses e dissertações para ganhar as ruas e tornar-se suporte para o batuque, para a fantasia de reinos perdidos entre plumas, brilhos, cadência, medos ou delírios.

 

A alegoria transpassa-se entre pinturas, gravuras e segue com volúpia para a escrita de autores que se utilizam dos recursos e transportam ao pensamento junções de signos, que se tornam em narrativas capazes de justificar uma época histórica, um “descobrir” filosófico ou um despertar religioso, conduzindo quem quer que seja rumo a um portal inexato e com capacidade de “falar de outro modo”, já que esta expressão alimenta a raiz da palavra alegoria (allegoreno, em grego).


 

Se o falar de outro modo é capaz de produzir material intelectual, as artes e a cultura, de uma maneira geral, também estão permeadas de ideias abstratas e cheias de sentimentos? Sim, talvez seja a resposta mais coerente. E nas palavras do autor português e vencedor do Nobel de Literatura José Saramago – “A alegoria chega quando descrever a realidade já não nos serve.

 

Os escritores e artistas trabalham nas trevas e, como cegos, tateiam na escuridão”. O iminente fim, o trágico, em cores robustas nos roubam pensamentos e olhares.

 

O homem forjado por crenças e dogmas perpetua através do drama o espetáculo do qual nos enchem os olhos, como um mundo dentro do outro, como uma janela que mostra quem somos e quais as consequências desta fatídica sina da reflexão, que por algum motivo não nos abandona. ★

 

Et in Arcadia Ego ( 1618), óleo sobre tela. II Guercino (Giovanni Francesco Barbieri) 

o nascimento da alegoria através de Walter Benjamin

por IRIÊ SALOMÃO Jr.

O pensamento de Walter Benjamin pode ser comparado ao Museu do Louvre. Acima da entrada de cada pavilhão se inscreveria o ponto de partida e o ponto de término daquela ala, por exemplo. Assim como no Louvre, ao entrarmos, olhamos, parados, no meio de uma invisível rosa dos ventos, de um lado Mesopotâmia, de outro a França do Séc. XVIII. Benjamin também nos oferece alas, todas pertencentes à mesma edificação epistemológica. Podemos partir para o Pavilhão da origem da linguagem, que desembocará, no setor de rememoração, que rapidamente irá nos levar até a imagem crítica. 

 

Assim como no Louvre, o pensamento de Walter Benjamin tem sua Monalisa.  O texto “A obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica” está espalhada pelo mundo. Já fizeram bigode nas suas entrelinhas, já colaram no muro, e a deixaram careca. Benjamin é mais que isso. Sua dificuldade está menos no hermetismo, do que na dimensão do seu pensamento. O trabalho do estudioso alemão, e é assim que me sinto mais a vontade para chamá-lo, é imenso na capacidade de produção e a dinâmica de pensamento. 


Por todos estes motivos é difícil percorrer todas as alas de Benjamin, primeiro pela grandiosidade do seu pensamento, e segundo pela pequenez do meu. Porém uma das estrelas do céu deste pensador, que mais me fazem refletir, é a sua ideia de alegoria. Como chegou a ela, como ela dá conta e soluciona problemas teóricos fundamentais. E logo, ela, a alegoria, que até pouco tempo do alemão, foi desprezada por outros alemães, um pouco mais românticos do que este nosso saturnino Benjamin. Até então, a alegoria estava par e passo com o símbolo. Os dois dentro de uma rinha se esbofeteando, se ferindo, saindo ambos machucados, porém o símbolo tinha um treinamento mais atualizado, enquanto a alegoria ainda baseava seu treinamento em algumas ideias de Orígnenes e Santo Agostinho, que nunca se interessou por rinha de galo. Walter Benjamin já nasce alegórico. Seu pensamento que de acordo com Stephane Mòses, é baseado em três paradigmas (teológico, político e estético) leva a teologia

Angelus Novus (1920), desenho em nanquim, giz e aquarela sobre papel - Paul Klee

Daughter os Art History: Theater B (1990), fotografia em cores montada em tela - Courtesy of the artist and Luhring Augustine, New York - Yasumasa Morimura

muito a sério. A alquimia que Benjamin tanto pregava para a realização da verdadeira crítica, é feita por ele de maneira brilhante por ser sutil. Marxismo, teologia, e suas afinidades eletivas com Goethe, geram frutos como a ideia de alegoria. Não se preocupem com a exatidão terminológica, Benjamin vai além, afinal ele também é um alegórico.  Por isso consultar na internet a origem do nome alegoria, ajuda, mas não resolve nada mesmo.

 

É bom saber que Benjamin, vai além da briga alegoria e símbolo, basicamente dizendo que símbolo tem um ponto final e alegoria não. Enquanto o símbolo detém uma compreensão no instante, na alegoria há “uma progressão ou sequência de instantes”. Então há aí, uma diferença de tempo entre os dois. Isso significa que se marcássemos uma rinha de galo entre eles, seria impossível os dois estarem prontos para o combate ao mesmo tempo, enquanto o símbolo é ágil e instantâneo, a alegoria é lenta e progressiva. 


assim, ainda mais se estamos vivendo o tempo pós-caixa de Brillo Box.

 

Assim sendo, alegoria para Benjamin está diretamente ligada ao olhar crítico, ela extrapola o Drama Barroco Alemão, e é utilizada com genialidade por Baudelaire na sua leitura da Modernidade.  O estudioso alemão transforma a alegoria no seu método por excelência, e que se expressará por toda a sua obra. 

 

E o que faz o alegorista de Benjamin?


Vamos seguir aqui os passos de Sérgio Paulo Rouanet, homem brasileiro forte, e amigo íntimo dos textos de Benjamin. O alegorista tem o poder de Midas, ele quer redimir as coisas e transforma tudo em tudo. Mas para isso, seca toda a existência de vida do objeto. Inutilizado de sua própria função, o objeto precisa significar algo, já que está sem seu próprio contexto. O toque de Midas do alegorista oferece uma conversão do objeto. Ao acompanharmos a transformação realizada por ele, entendemos porque ruína e morte são seus amigos próximos. O olhar alegórico pertence ao crítico. O alvo dele (aqui

estamos andando na sombra de Maria Cantinho)  com seu olhar alegórico sobre as obras, é de deixar evidente a função da forma artística, na sua capacidade de converter conteúdos factuais, históricos em conteúdos verdadeiros da obra. Esta conversão trata da origem das obras. Acho que chegamos num ponto bom da conversa. A questão da origem em Benjamin.

 

Penso que, se eu for além posso trair a confiança do velho alemão. Não quero fantasiar de mais as coisas. Alegoria é isto, Benjamin é aquilo, não pode ser assim, ainda mais se estamos vivendo o tempo pós-caixa de Brillo Box. ★

religião e a força artística

por ALEXANDRE RESE

A arte alarga as possibilidades de interpretações, inclusive nas representações religiosas. Corre-se paralelamente com linhas curvas, luz e sombra, sagrado e profano, movimentos de certa teatralidade expressam-se em formas variadas da subjetividade entre homens, artistas e igreja.  Apoiados em cenas cheias de códigos, extraordinárias leituras e elementos repletos de significados, os salmos ganham vida, com contornos que exaltam e transformam percepções e reforçam votos ao mítico Divino.

 

A Fé move montanhas. Esta frase, direta e aparentemente simples, tão comum entre os que depositam na crença e no poder divino forças o suficiente para transformar todo e qualquer destino mal traçado, é um bom exemplo do quanto a religião pode e apropria-se de recursos para se fazer valer. Os livros sagrados monoteístas, que estão nas bases religiosas do Ocidente, já foram lidos, relidos, interpretados e reinterpretados uma centena de milhares de vezes, por séculos a fio e estão repletos de exemplos fantásticos, de parábolas, de personagens dotados de dons muito além dos limites humanos, que contam e personificam através dos tempos os milagres. 

 

As narrativas presentes nas escrituras sagradas por si, já nos remetem a uma nova dimensão, cheia de cenas ricas e de sentidos metafóricos. Mas é na apropriação virtuosa das representações, algo a ser considerável mundano, que leituras de um lugar que não está diante dos nós, porém projetados como numa santíssima promessa do que está por vir logo após os olhos cerrarem-se, é que se tem um vasto registro de gerações de artistas e suas escolas, ponderando a arquitetura de Céu e Inferno. Idealização? Transcrição? Vislumbre? Ou ainda, a partir do momento em que se acredita, o imponderável se materializa? Muitas vezes às avessas e roteirizado, é verdade, mas cabe ao homem, definir em pigmentos, poses, lapidação e cálculos a perfeição e a força das mão que regem este lugar chamado Terra.

 

A Alegoria da Fé (1671-1674). Óleo sobre tela.- Jan Vermeer

Adão e Eva, (1504) - Albrecht Dürer

Muito antes da Igreja “convidar” artistas para decorar, pintar e construir santuários que fossem na terra a representação do que se entendia por Paraíso e Inferno, seitas, doutrinas e tantas outras crenças se fizeram valer das habilidades artísticas para construir a devoção através da adoração de imagens sublimes, imponentes ou perturbadoras. O homem como mero ser existente e sob os olhares do divino para toda ação e pensamento, sente-se ligado a este elo “material”, estático, mas concreto que atende as preces e aceita os ritos. Foi assim na Grécia e Roma Antiga, no Egito dos Faraós, nas pirâmides Incas, nos templos indianos dedicados a Ganesha e nos pagodes sagrados da China Imperial.

 

 

Até o Renascimento, o termo arte não atendia ao que hoje conhecemos como tal. Portanto, toda a representação “religiosa” tinha por ordem atender outras necessidades, fossem elas pastorais ou políticas. O que se transforma no século XV. Artistas conhecidos pelos seus feitos passam a criar e junto com a Fé, desenvolvem o apelo ao belo. A estética não estava mais afastada da religião. E uma fusão entre arte e religiosidade se fez, impossibilitando que se enxergue as fronteiras de uma ou outra.

 

As representações artísticas nos tetos de igrejas, em quadros monumentais, retábulos de madeira com temas bíblicos ou em esculturas rebuscadas que ficam entre a cristandade e o pagão, abrem uma janela para o sublime. São a partir destes mundos mostrados pelas mãos dos artistas que a existência busca explicações e torna-se cabível nas dores e virtudes, presentes no dia a dia de quem teme a Deus. Então, são entre sombras, feições de espanto ou de ira que nos vemos ali representados. E dentro de dramas, passagens arrebatadoras de respeito, moralidade, temor e resignação, que se faz presente os véus da subjetividade de tantas alegorias que nos contam de onde viemos, quem nos tornamos e para onde iremos, quando o apagar das luzes se fizer. 

 

Vivemos alimentados por certezas inconcretas, de dogmas emprestados para a nossa própria segurança espiritual e na esperança de que o Santíssimo esteja vendo as boas ações e as rezas feitas sob uma pintura da Capela Sistina ou quando estamos de fronte aos contrastes de luz e cor, cheias de sacrilégio de um quadro de Caravaggio. Assim sendo, perguntemo-nos: Adora-se a “Arte” ou as “Escrituras”? ★

 

 

alegorias da contemporaneidade

por IRIÊ SALOMÃO Jr.

uma linha do tempo 

timeline:

A necessidade da representação sempre fez parte da nossa história, fato inegável. E as formas alegóricas que artistas encontraram como canal para a expressão, atravessam séculos e mantém-se como elementos fundamentais para a arte. De mapas cartográficos aos desejos mais mundanos, a alegoria nos oferece uma viagem pelos sentidos.

A alegoria nasce com a arte, antes mesmo da arte ser nomeada como tal. A importância da figura alegórica ultrapassa as barreiras temporais e quebra qualquer linha histórica possível. Sua presença é feita de intervalos, entradas e saídas, já foi maltratada por artistas, ignoradas por outros, e apresentou-se como único elemento possível para alguns tipos de realizações artísticas. 

 

Com essa presença fanstasmática, seria impossível não sentir o seu cheiro no nosso tempo. O seu aroma melancólico se espalha junto com seu jeito irônico por detrás das telas do cinema, dos palcos de teatro, e muitas vezes transforma a artes visuais e escapole do quadrado branco para por em cena toda a carne e a intensidade dos quadros contemporâneos. Falo principalmente de  Adriana Varejão. Como dizia o meu colega de quarto Didi-Huberman, na época em que pagávamos meia-entrada em museus e trabalhávamos como modelos vivos, o quadro é “uma dinâmica e uma energética do vivo”. O pensador francês tem razão, e Adriana Varejão coloca isso de forma evidente no seu trabalho.

 

Ela acrescenta corpo nas pinturas, ou melhor, a pintura dela tem seu próprio corpo, carrega sua própria memória dos azulejos portugueses, de obras antigas brasileiras, e principalmente da história social do nosso país.


Na série “IrezumIs”, os quadros “Extirpação do Mal por Incisura” de 1994, e “Extirpação do Mal

Extirpação do Mal por Incisura (1994), óleo sobre tela e objetos  - Adriana Varejão      

 

por Overdose “ de 1994, Adriana Varejão samba na cara da sociedade. O corpo da pintura está no leito no soro. A alegoria tem o poder de transformar qualquer coisa, em qualquer outra coisa. Craig Owens diz que ela tem um ruidoso descuido com as categorias estéticas. E o que a artista da Geração de 80 faz? Dá um corpo para o quadro. Escultura ou pintura?

 

Ressalta-se ainda que, as artes visuais sempre se usufruíram do corpo alheio, Vênus, coitada, foi usada e abusada por pincéis às vezes carinhosos, às vezes brutos. Na obra de Adriana Varejão a alegoria dá corpo à arte, é verdade que sua respiração está quase parando, está no soro, vivendo seu próprio drama, mas pelo menos agora é a própria arte, e não Marat, ou Jesus Cristo. Mas não pense que a arte está lá sem lembrança do que foi, de quem é. Toda sua história está no seu corpo, marcado, tatuado. A estrutura da obra está ali frente a frente, ou melhor na horizontal, entregue ao nosso contato, esperando a nossa visita.

 

Eu poderia falar ainda, da ideia de apropriação de imagens, feitos no trabalho da carioca, principalmente imagens do colonialismo português que tem o sentido invertido em seus trabalhos. Por sorte da metrópole, eu que conheço de perto a casa de Tiradentes, não estou muito afim de bancar o cientista social, e vou para o outro lado da vernissage conversar com as pinturas que dramatizam a própria arte. 

 

Agora percebo, que o corpo da pintura, que está entregue ao soro, não é feito de carne. E não pense que isso é lógico, ou banal, porque na arte contemporânea todos os materiais são possíveis. Nem mesmo sangue é sangue, nada ali é o que se vê. O quadro, não é quadro,  é um corpo; o corpo, não é um corpo, é quadro. A alegoria não para de brincar de balanço na nossa cabeça e nos nossos olhos. ★

 

 

 

video entrevista

do erudito ao popular: carnaval

com MILTON CUNHA

“A arte está sempre falando de política, de sociedade,

mas também de metafísica”

entrevista com MARCIA TIBURI

Filósofa, escritora e questionadora do seu próprio tempo, Marcia Tiburi aceitou responder algumas perguntas da TECNOGRAPHY e tocou em assuntos pertinentes da atualidade, como  o uso da tecnologia nas relações humanas, em viver num mundo cheio de conflitos, da necessidade que temos em nos manifestar nas mais diversas formas e a relação que existe entre o pensar e a arte. Imperdível!

 

TECNOGRAPHY: o ser humano tem uma enorme necessidade em expressar-se. Para fazer isso, utiliza de inúmeros recursos como a escrita, a arte de uma forma geral. Por quê precisamos tanto deste “recurso” para sobreviver?  

 

MARCIA TIBURI: Um filósofo chamado Régis Debray disse que a estética é uma preocupação bem prática em sobreviver. Parece claro que o caráter efêmero do nosso mundo (que esquece que é efêmero) nos envia à arte. A morte é o nosso grande medo, a arte a nossa grande redenção. Daí que viver a vida como “obra de arte” talvez seja o único sentido real que possamos dar à nossa experiência. Se a vida é uma obra de arte quer dizer que ela é uma invenção. Que não há sentido prévio. Logo, é preciso ser artista da vida. E quem é artista em qualquer área é em geral é também artista da vida.

 

TECNOGRAPHY: expressar-se é uma máxima dos dias de hoje. Principalmente com o advento das mídias sociais, da tecnologia, o que democratizou a disseminação das mais variadas manifestações artísticas, inclusive a propagação de opiniões sobre todo e qualquer assunto. Você encara isso como algo positivo? 

 

MARCIA TIBURI: Podemos separar expressão de “compulsão a emitir”, um termo usado por Christoph Türcke em seu livro “Sociedade Excitada”. Ninguém pode ser obrigado a expressar-se, mas a emitir algo, uma mensagem, uma informação, sim. Nesse sentido, a expressão tem um caráter

 

 

de verdade que a simples emissão não tem. Acho que a diferença aí, está entre a liberdade da expressão e o autoritarismo da emissão. Hoje em dia há muitos “escravos” das redes sociais. Mas há também quem saiba usar o “cybermeio” sem ser tão “usado” por ele. Creio que o nosso problema continua sendo o da liberdade, do que faremos com tudo aquilo que a devora, que tenta eliminá-la. 

 

TECNOGRAPHY: a tecnologia seria um suporte alegórico dos nossos dias?  Seria uma “fragmento” dentro de uma cenário  maior?

 

MARCIA TIBURI: Espero que sim, mas ao mesmo tempo, parece uma tendência a de sermos devorados pelas tecnologias. Existiríamos sem elas nos dias de hoje? Quem é esse ser a que chamamos de “humanos” até aqui? Muitos falam hoje sobre “pós-humanidade”. Não somos mais o que éramos. Estamos sendo reinventados por aquilo que inventamos: máquinas e aparelhos. O que vocês chamam de “suporte alegórico”, se bem entendo, talvez não seja assim tão alegórico, talvez seja o mais prático dos meios. O meio onde nos afogamos sem água. Mas ao mesmo tempo talvez seja o novo líquido amniótico onde outro ser humano está se gestando. 

 

TECNOGRAPHY: a arte, por exemplo, tem se apoderado ao longo da história de metáforas para tratar de assuntos que são relevantes à sua época. Você apontaria algo neste sentido nos dias de hoje? É possível criar  “ilusões” para tratar de assuntos contemporâneos? Ou estamos muito céticos com o mundo para isso?

 

MARCIA TIBURI: Acho que a arte está muitas vezes à frente de seu tempo, mas muitas vezes também de acordo. Também a arte depende do nosso impulso ético e político. Um artista pode ser um revolucionário ou um conservador. E sua arte expressará isso. Não creio que a arte seja uma ilusão. A criação da ilusão cabe à publicidade que tem devorado a arte, é verdade, e o jornalismo. Enfim, tem devorado toda forma de expressão e transformado o mundo em espetáculo. A publicidade é realmente perigosa de um ponto de vista ético e político, porque ela domina a estética. E quem domina a estética domina o mundo. Se continuarmos na lógica da publicidade nunca entraremos na experiência da arte. São opostos muito evidentes. Se estamos céticos? Creio que estamos auto-enganados. Mentimos pra nós mesmos. Aceitamos a mentira por que, do contrário, teríamos que mudar muitas coisas. Isso é ser conservador. Ser cético é só uma desculpa. 

 

TECNOGRAPHY: na sua opinião, as alegorias servem para quê? Qual o propósito de existirem?

 

MARCIA TIBURI: Walter Benjamin disse que a arte é alegoria. Isso quer dizer que a arte está sempre falando de alguma outra coisa. Que ela, por mais autônoma que seja, está sempre se referindo a algo externo a ela. A arte está sempre falando de política, de sociedade, mas também de metafísica. Quer dizer, toda obra é como um sonho que elabora uma apresentação de um conteúdo a ser decifrado.  Mas a decifração é apenas parte da obra. A pergunta correta a fazer seria: por que e para que a  arte se faz como alegoria? Assim entenderíamos que não há outro jeito de fazer arte. A arte está no “indireto”, na alusão, no sentido possível, ou na quebra de sentido produzido pela alegoria. Se pensarmos no exemplo de Duchamp, em qualquer uma de suas obras, a alegoria é quebra de qualquer significado. Mas não seria esse, ao mesmo tempo, um retrato perfeito do nosso mundo?

 

TECNOGRAPHY: o mito da Caverna é a primeira alegoria que vem em mente, ao pensarmos na escrita alegórica, dentro da Filosofia. O que faz este mito ser tão poderoso?

 

MARCIA TIBURI: Ali se trata de uma alegoria, porque evidentemente Platão quis mostrar algo do nosso mundo e, para isso, criou uma “historinha”. Se trata de uma alegoria enquanto narrativa que serve para explicar algo contra o mito que é sempre auto-explicado. Quem chama de mito erra porque se trata de uma desconstrução do mito. Toda a alegoria desmonta um mito. Se a vemos bem, a verdade se escancara contra o mito. O mito é a narrativa explicativa. A alegoria põe uma dúvida em cena. 

 

TECNOGRAPHY: de que forma a filosofia se relaciona com elementos alegóricos?

 

MARCIA TIBURI: A história da filosofia está cheia de imagens. Embora tenha sempre sido altamente iconoclástica. Platão se vale muito das alegorias, ou seja, das imagens, das metáforas e das representações que querem dizer outra coisa, ou melhor ainda, apresentar uma ideia de forma concreta. A filosofia da Renascença que é altamente ligada ao platonismo também usa imagens. Do mesmo modo que a filosofia moderna e a contemporânea. De certo modo, os filósofos sempre pensaram que as imagens e a metáforas eram “menores” do que as ideias e os conceitos. Mas isso não passou de preconceito. Fazendo uma releitura da história da filosofia é possível ver que não haveria filosofia sem alegoria.

 

TECNOGRAPHY: as alegorias geralmente possuem muitas camadas, códigos, mensagens embutidas, uma aura quase fantástica. Como você vê esta forma que encontramos para tratar de assuntos que vão desde questões mundanas até as de cunho existencial, religioso? 

 

MARCIA TIBURI: As alegorias parecem complexas porque não são auto-explicativas. Elas não são apenas um “enfeite” retórico, uma sobre-invenção em relação a um “real”. Elas são a aparição de alguma coisa que precisa ser dita ao modo da alegoria. A alegoria é mimética, atua por semelhança. Não por facilitação, mas pelo próprio modo de ser do que pode ser dito. Quero dizer com isso, por exemplo, que quando Hobbes usa a frase “o homem é o lobo do homem” ele está condensando várias ideias em uma imagem alegórica, que é metafórica e alusiva, para fazer pensar na complexidade das relações humanas. Se ele não pudesse usar esta frase ele não poderia expor sua ideia com a ênfase necessária à exposição da relação entre humanidade e animalidade, por exemplo. 

 

TECNOGRAPHY: nossa sociedade não acredita muito na capacidade da arte e filosofia mudarem o nosso agir no mundo. A culpa é da arte, da filosofia, ou da sociedade?

 

MARCIA TIBURI: A “sociedade” não acredita nem na “sociedade”. A sociedade é uma grande ficção alegórica da qual ela mesma não se dá conta.

 

TECNOGRAPHY: a experiência contemporânea, ainda é a experiência moderna que fez Walter Benjamin pensar no método alegórico?

 

MARCIA TIBURI: Creio que “nunca fomos modernos”, por isso continuamos alegóricos. A modernidade é só uma continuação da Idade Média, a idade contemporânea também. Veja aquele filme Aligator. Uma grande alegoria da conexão entre os tempos moderníssimos de hoje e os medievais que parecem opostos aos dias de hoje, mas não são.

 

TECNOGRAPHY: hoje, o que nos impede de pensar?

 

MARCIA TIBURI: O medo, a ignorância, a paranóia autoritária. 

 

TECNOGRAPHY: dizem que o Brasil é um país barroco, seja pelo Carnaval, pelas complexas questões sociais e pela multiplicidade de “olhares culturais”. Você concorda? O brasileiro precisa de alegorias para viver?

 

MARCIA TIBURI: Todo mundo precisa de alegoria. Ou seja, todo mundo, qualquer sociedade, qualquer país, precisa de representações, imagens, mimetizações. Dizer que o Brasil é barroco é tão bonito quanto complicado. De que Brasil falamos, de que barroco falamos? Se falamos de barroco em termos de geometria projetiva, da banda de Moebius, creio que sim, se falamos de catolicismo, de contra-reforma, creio que sim. Barroco seria um nome para as nossas contradições sociais e históricas? Para a nossa complexidade política atual? Tudo bem, podemos dizer isso, sim. Mas isso não nos levará muito longe quando vemos que na situação contemporânea a violência social, política e econômica, mas também estética e midiática, achata toda interpretação. É como se o mundo estivesse plano, imediato, no rés do chão e qualquer tipo de interpretação não fosse mais possível. 

 

TECNOGRAPHY: e de que forma esse Brasil, enfrenta as dificuldades por não se enxergar como é na verdade? Somos exatamente esta mistura complexa – que não vai além do imaginário coletivo - de problemas sociais, festas, calor, futebol, riquezas naturais, economia emergente?

 

MARCIA TIBURI: O que você propõe é que acreditemos em nossa autoilusão? Ora, a meu ver, falta-nos autocrítica. Sobra-nos o mito, falta-nos a alegoria. Quero dizer com isso, que temos certezas demais, dúvida de menos.

 

TECNOGRAPHY: vamos supor, que se você tivesse a oportunidade de criar um trabalho alegórico agora, qual tema escolheria? Como faria esta representação? Com qual finalidade?

 

MARCIA TIBURI: Meu romance que acaba de ser concluído é uma alegoria, embora altamente fincado no “concreto” do cotidiano. Trata-se da história de um homem que viaja para longe e só pode se comunicar pelo telefone uma vez por ano. Não posso falar mais, mas se trata de uma alegoria como, em geral, é todo romance contemporâneo. ★

memórias imaginadas

a fotografia de GONZÁLEZ PALMA

Um dos amigos de primeira hora da TECNOGRAPHY é o fotógrafo nascido na Guatemala, Luis González Palma. Seu trabalho já esteve em duas edições da Bienal de Veneza, de São Paulo, além da Fotobienal de Vigo. As imagens de González Palma merecem nossa atenção, nelas estão presentes o sonho, a emoção e o reflexo do que temos de mais íntimo.

 

Ao lado temos uma galeria com alguns dos trabalhos do fotógrafo, que já prometeu novas participações. E para encher a revista de bons fluidos, no final da nossa conversa González Palma desejou “Suerte” para a TECNOGRAPHY. Não podíamos ter apoio melhor vindo de nosso irmão latino americano. ★

Franco Rella: escrever ao excesso

traduzido por DAVID PESSOA C. BARBOSA

 

 

Escrever é o assalto ao último limite terreno”.

(F. Kafka)

Para esta edição da TECNOGRAPHY, o professor Davi Pessoa Carneiro, revela um fragmento do livro “Scritture Estreme” - do filósofo italiano Franco Rella - ainda inédito e sem previsão de lançamento no Brasil. Nesta publicação, Franco Rella coloca em evidência a importância do momento do Despertar,  analisado por Walter Benjamin, a partir do texto de Marcel Proust. Confira a seguir:

 

Dorme-se, e enquanto se dorme, ao nosso redor, assim como num círculo, se dispõem “o fio das horas, a ordem dos anos e dos mundos”. Mas, ao despertar, “as suas linhas podem se misturar, romper-se”. A nossa consciência, assim, parece se reduzir a “um sentimento de existência, igualmente como pode se estremecer no íntimo de um animal” (Proust, No caminho de Swann, 5, 7-8). É um momento terrível. A consciência e todo o nosso ser são invadidos por um saber do corpo que se insinua em nós, sugerindo figuras incógnitas, ou alertando, no movimento de uma perna ou de um braço, a ilusão alucinatória de uma mulher que está ao nosso lado. Apenas pouco a pouco é possível, recorrendo ao hábito, fixando-se no perfil de uma coisa, fixando-se nela até alcançar o seu reconhecimento, “recompor os traços peculiares do eu”. 

 

O despertar não é apenas o espaço de uma tensão, da antítese entre as forças do sono e a lucidez da vigília. É uma espécie de Zwischenwelt, um mundo partido ao meio, um interstício que se dilata e no qual tudo é possível. É, para dizê-lo com Benjamin, uma soleira. 

Benjamin refletiu desde os “Paralipomena” e das primeiras anotações, e depois através de todo as Passagens, sobre o tema do despertar, a partir de Proust, e ainda, sobre a “virada copernicana” do despertar que é, de fato, “a hora das cognoscibilidades, quando as coisas se estendem na pressão de uma dialética paradoxal, a dialética em Stillstand, a dialética em estado de demora,
 

 

manifestando na tensão que as mantém opostas e suspensas,

impedindo a sua resolução, o seu sentido mais profundo. Mas Benjamin diz

ainda mais: “Assim, em Proust, é importante a mobilização da vida inteira em

seu ponto de ruptura, dialético ao extremo: o despertar. Proust inicia com uma apresentação do espaço daquele que desperta” (Passagens, N, 3a 3)*.

 

A vida está em jogo não somente porque no instante do despertar as coisas passadas e presentes, por exemplo, os quartos em que dormimos em períodos diferentes da nossa vida, aproximam-se, ao mesmo tempo, da nossa consciência. Ela também está em jogo no sentido que essa tensão, essa antítese entre sono e vigília, entre presente e passado, é um risco: abre uma brecha, um corte no sistema dos nossos hábitos que por esforço conseguimos fechar ou sanar.

 

É a partir desse risco que Proust começa. A narrativa nasce nesse espaço. Move-se daqui, desse ponto. (…) ★

 

 

* Franco Rella, Scritture Estreme: Proust e Kafka. Milano: Feltrinelli, 2005, p. 17-18, tradução Davi Pessoa.

 

* Walter Benjamin, Passagens. Organização Willi Bolle; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007, p. 505-506.

 

os personagens poéticos de Nestor Jr. 

lâmpada: novos olhares, novas prospostas e formas de interpretação

Em conversa por e-mail, Nestor Jr. afirma que passa por uma crise  “desgraçada”, querendo mudar tudo, renovar-se e que 2014 será um ano para repensar o próprio trabalho. Mas o que se vê e percebe, é um artista do seu tempo, inquieto, desafiador e que converge multiplas técnicas no processo criativo, o que dá vida a personagens oníricos  e de grande poética, que encantam os olhos, os sentidos. Confira a nossa entrevista com o artista...

 

TECNOGRAPHY: como a arte apareceu na sua vida?

 

NESTOR JR.: Desde muito cedo eu gostava do isolamento para criação. Claro que nesse momento ( na infância ) eu pensava o desenho, a construção de objetos apenas como uma brincadeira. Mas eu passava horas fazendo e construindo coisas. Pontuamente, a arte clássica me foi apresentada por uma bíblia ilustrada com obras de arte do Michelangelo, Da Vici, Ticiano... eu gostava de reproduzir aquelas cenas. Mais tarde, já na adolescência comecei meus primeiros estudos com desenho acadêmico e dai depois continuei....

 

TECNOGRAPHY: quais as técnicas que costuma usar?

 

NESTOR JR.: Eu sempre trabalhei além do

 

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desenho com aquarela. Foi uma técnica que me dei melhor - apesar de muitos considerarem difícil - e gosto muito do resultado, porque acho que dialogo bastante com o que busco no meus traços também. Como um complemento... Em 2010 eu dei inicio a minha pesquisa com gravura ( xilogravura, litogravura e gravura em metal ) e em 2013, comecei alguns experimentos fotográficos. Minha ideia é mais tarde misturar todas essas possibilidades num único trabalho. Ainda estou “brincando” com a fotografia....


TECNOGRAPHY:  e as suas inspirações na hora de criar, quais são? Como surgem?

 

NESTOR JR.: As minhas inspirações são as mais diversas. Eu tenho um tema recorrente - um que remete ao meio aquático - não por acaso em tal ambiente me sinto muito a vontade. Daí eu trabalho desde com inspirações sazonais  até memórias, histórias cotidianas. Tudo pode se tornar fruto de inspiração pra entrar em algum trabalho. As fontes são as mais diversas...

 

TECNOGRAPHY: como você enxerga o seu trabalho?

 

NESTOR JR.: Nesse momento estou numa crise desgraçada (risos). Querendo mudar tudo, trocar tudo, renovar. 2014 vai ser um ano pra repensar meu trabalho.


TECNOGRAPHY: você percebe um maior interesse do público, em geral, pela ilustração/ desenho atualmente? Quase como uma retomada, uma revalorização deste estilo de arte?

 

NESTOR JR.:  Acho que já tem alguns anos que, não exatamente se foi valorizando, mas que a expansão e a proporção que a internet tomou nos últimos 10 anos, possibilitou o diálogo com pessoas do mundo inteiro. Então, as fronteiras foram quebradas e acho que muito mais gente vê seu trabalho e por consequência muito mais pessoas se interessam, adquirem e divulgam. Mas eu acredito que essas pessoas sempre valorizaram, sempre existiram, só que agora elas podem conhecer por causa desses novos meios de comunicação. Criou-se uma possibilidade bem maior de chegar até essas pessoas... ★

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Nestor JR., artista visual, 30 anos - Florianópolis (SC), Brasil. Graduado em comunicação social, estudou técnicas de gravura na École National de Beaux-arts de Lyon, França; cursou o Ateliê de Gravura e Serigrafia do Museu de Arte de Santa Catarina, Brasil; pós-graduando em Estudos de Design, Arte - Instituto Orbitato, Brasil; residência Artística no Centre de la Gravure et de l'image Imprimee, Bélgica; estágio de Gravura não-toxica com Filip Leroy - Academie des Beaux-Arts de Anderlecht, Bruxelas.

 

 

ed. ALEGORIA

# 0

(2014)

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agradecimentos: 

 

Marcia Tiburi

Milton Cunha

Davi Pessoa c. Barbosa

González Palma, 

Nestor JR.

Jocélio Vieira

Sonia Mara Viero 

 

agradecimentos especiais:

Iriê SalomãoJr.: Juliana Acácio, Juan Salomão, Alda Salomão, Iriê (o pai), Leon Salomão, Vó Isabel, Alan Salomão e Iano Salomão. Aos amigos de sempre, Ximene Rodrigues, Carlos Eduardo Pereira, Rômulo Correa, Iano Salomão, Alessandro Arbex, Yussef Salomão, Bruno Gomes, Eridan Leão, Thaís Acácio, Jonathan Pereira, Hussam  , Lívia Maia.

 Alexandre Rese: Guilherme Rios de Faria, Olga Viero, Lucas Viero, Bisa Selá, Lizi Hoppen, João Paulo Savi, Camilla Hilgert, Tânia Essabbá, Raphael Freitas, Martha Gama, Zaira Thezolin, Viviane Rodrigues, Juh Moraes.

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criadores

 

Alexandre Rese: 

Editor e diretor de arte

 

Iriê Salomão Jr.:

Editor 

 

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expediente:. este é um projeto experimental, um “ensaio” reflexivo e visual, baseado nas novas formas de disseminação e interação através da tecnologia:.  № 0 - ALEGORIA:. distribuição/ leitura online/ download gratuito:. ISSN: 2358-8667::.

 

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